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Professor do Campus Betim conclui doutorado em História Social

publicado: 15/05/2018 10h07, última modificação: 28/08/2018 08h29

O professor Lucas Carvalho Soares de Aguiar Pereira concluiu o doutorado pelo programa de pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A tese, intitulada "A invenção do policial militar mineiro: uma análise da força pública em Minas Gerais (1890-1930)",  investigou os processos políticos e sociais da formação do policial militar como um sujeito histórico, mobilizado como agente de força pública e autoridade no estado mineiro na Primeira República.

Durante o período em que esteve afastado para capacitação, Lucas conduziu sua pesquisa, coletando documentos no Arquivo Público Mineiro (APM) e dedicou-se à redação e revisão do texto final. Além disso, foi  escreveu e publicou artigo para um dossiê especial sobre História e Crime, na revista Aedos (UFRGS) e revisou um capítulo que compôs a coletânea "Historia de la cuestión criminal en America Latina", ambos publicados em 2017.

O professor Lucas explica que “o trabalho de arquivo é uma das bases do trabalho do historiador, que pode privilegiar pesquisas secundárias ou questões teóricas em suas análises. O afastamento permitiu apostar na verticalização da pesquisa documental e analisar um grande volume de fontes, antes inédito em análises historiográficas acadêmicas sobre as forças policiais do estado de Minas Gerais”.

A pesquisa de Lucas representou uma imersão no conjunto documental produzido pela própria instituição policial militar e realizou uma análise mais ampla, observando a pluralidade dos significados e sentidos do "ser policial militar" na primeira república. Por um lado, as fontes apresentaram uma série de representações sobre o policial militar. O professor Lucas explica: “pude perceber que o imaginário sobre o policial militar produzidos pelos homens que atuaram na Primeira República foi uma base importante para a forma como policiais da segunda metade do século XX leram o passado da instituição e dialogaram publicamente sobre essa história. Em linhas gerais o policial militar mineiro foi forjado, em meio a debates sobre profissionalização, modernização, formação técnica corporal e intelectual, como um sujeito apto para o trabalho de policiamento, de manutenção da ordem pública e de proteção do estado. A aproximação dos policiais militares mineiros com os valores da população comum da sociedade mineira foi um recurso comum dessas representações o que contribuiu para a argumentação política de legitimidade do trabalho policial”.

A pesquisa também permitiu observar um conjunto de problemas que ultrapassam as representações analisadas na primeira parte da tese. Foi possível identificar um padrão parcial do policial mineiro: tratava-se de homens, negros, jovens, sem ofício especializado e casados ou em vias de formar família. O cotidiano do policial foi marcado por tensões em torno da formação da disciplina, ao longo de todo o período. O trabalho policial consistia em uma grande lista de tarefas como, entre outros, manutenção e limpeza do quartel, perseguição de criminosos, condução de presos para julgamentos, investigação de crimes, reestabelecimento da ordem pública, manutenção da ordem e segurança de festejos populares ou de eventos políticos, como as eleições, além de um grande volume de trabalho administrativo. Finalmente, os policiais militares foram mobilizados como delegados militares pelo território estadual o que contribuiu para sua conformação como autoridade policial militar.

A contribuição da tese em termos historiográficos consiste na perspectiva de análise que observa o policial militar na dinâmica política e jurídica mais ampla. Uma das conclusões mais importantes desse movimento analítico foi perceber o policial militar mineiro como participante não só de eventos políticos em repressão social e política, mas também como participante fundamental na consolidação da segurança pública e da administração da justiça criminal na Primeira República. Além de inovadora, essa perspectiva contribui para a proposição de novas abordagens da historiografia da polícia no estado, que encontra-se em pleno desenvolvimento.

O professor Lucas ressaltou o apoio dos servidores do IFMG-Campus Betim e, em especial, àqueles que se dividiram para oferecer um trabalho de qualidade aos estudantes durante o período em que esteve afastado, e destacou a importância da licença para capacitação: “o afastamento para Pós-Graduação é um direito fundamental para a formação do professor EBTT nos institutos federais, no sentido de garantir nossa função primordial que é oferecer um trabalho de ensino, pesquisa e extensão de qualidade à população brasileira”.