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Diálogos promove reflexão sobre racismo e o valor da cultura sertaneja

publicado: 28/06/2019 09h38, última modificação: 28/06/2019 10h21

Na última quarta-feira, 19 de junho, ocorreu, no auditório do IFMG – Campus Governador Valadares, o quarto encontro do Projeto Diálogos – Edição 2019, em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus. As obras discutidas foram o poema em cordel “O Boi Zebu e as Formigas”, de Patativa do Assaré, e a letra de música “Do Brasil”, composta por Vander Lee, ambos os textos selecionados pelo professor de língua inglesa e literatura, Gilson Costa.

Em meio a uma decoração tipicamente nordestina, o encontro foi aberto com uma declamação conjunta do poema “O boi Zebu e as Formigas” pela professora Etna Castro e a estudante Maria Eduarda Lopes, do 1° ano do curso Técnico Integrado em Segurança do Trabalho (TST). Em seguida, houve uma performance da música “Do Brasil”, apresentada pelo professor Gilson Costa e pela aluna Mariana Ayran, do 3° ano do curso Técnico Integrado em Meio Ambiente (TMA). A abertura contou ainda com a leitura de um ensaio sobre os textos elaborado pelos servidores Giulliano Glória e Virgílio Chagas, o qual foi lido por este último, representando o NEABI. 

Veja o álbum de fotos do evento no Flickr do Campus

Análise 

O texto “O boi Zebu e as Formigas” é uma narrativa em versos, do estilo “poesia matuta”, escrita por Patativa do Assaré. O poema se destaca pelo linguajar nordestino adotado pelo autor, em reprodução ao típico dialeto sertanejo, e pelas rimas que conferem musicalidade à leitura. A obra retrata, metaforicamente, a luta de um povo unido em razão das adversidades enfrentadas em comum - as “Formigas” - contra os abusos da elite no poder - o “Boi Zebu” - que controla os meios midiáticos e difunde suas ideologias através da indústria cultural.

Já “Do Brasil” é uma canção composta por Vander Lee, lançada no disco “ Pensei que fosse o Céu” (2006). Na letra da música, o cantor propõe aumentar a visibilidade de regiões interioranas brasileiras, com foco no sertão. Ao longo das estrofes, remete-se à importância do sertanejo como um dos principais responsáveis por sustentar a base econômica do país, bem como por contribuir com a formação da identidade nacional. Ademais, também é reforçada a desvalorização da população sertaneja.

O pontapé inicial das discussões foi a comparação entre a ação das formigas perante a atitude do Boi Zebu, narrada no poema, e a constante busca das minorias sociais por direitos e representatividade na sociedade. Ao longo do encontro, houve questionamentos a respeito do que significa ser um sertanejo, quais são os elementos que compõem a identidade nacional do Brasil, além de comentários acerca da expressão do sertão no cotidiano da população brasileira. Por fim, debateu-se sobre os estereótipos pejorativos e o acentuado preconceito contra a cultura sertaneja existentes no país.

Dessa forma, o último encontro ficou marcado por intensas discussões sobre a temática do sertão, sua contextualização no cenário brasileiro e racismo, contando com a participação especial de membros do NEABI.

Em breve, mais informações serão divulgadas sobre o quinto encontro do Diálogos, que terá parceria com a Biblioteca do Campus. No mês de julho haverá uma pausa, mas em agosto o projeto retorna com toda força.

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O texto acima foi escrito pelos estudantes Daniel Alves Pereira, Isabela Gomes Pereira e Víctor Hugo Costa Coutinho, alunos do 3º ano do curso Técnico Integrado em Segurança do Trabalho (TST) e colaboradores oficiais do Projeto Diálogos em 2019. Edição jornalística: Fernanda Melo