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O que pensam alunos e professores do IFMG sobre o racismo?

publicado: 22/11/2019 11h45, última modificação: 17/12/2019 13h06
Gabriela Silva – Metalurgia 1D1
Lavínya Costa – Metalurgia 1D1
Nathália Viana – Metalurgia 1D1

Em entrevista, alguns estudantes do IFMG e a professora Solange falam a respeito do racismo sofrido na juventude.

Foram entrevistados alguns estudantes do IFMG, campus Ouro Preto, e a professora Solange Rodrigues, da área de Língua Portuguesa desta mesma escola, com o intuito de saber a opinião deles sobre o racismo sofrido na juventude.

A estudante Letícia (nome fictício), do curso de Mineração, relatou que já presenciou um caso de racismo enquanto estava com seu amigo: “Já vi situações de racismo várias vezes, uma delas eu estava com um amigo negro no shopping e enquanto fui ao banheiro ele foi barrado pelos seguranças”. Ana, estudante de Edificações, também já testemunhou uma situação de racismo: “Eu estava em uma loja e uma menina negra não foi atendida na loja, onde só havia atendentes brancos”.

Segundo a percepção de alguns alunos do curso de Metalurgia e Automação Industrial, como Carla (nome fictício), estudante de Metalurgia, a quantidade de negros e de brancos em seus cursos estaria um pouco equilibrada. Porém, de acordo com o relato de João (nome fictício), aluno do curso de Automação, em sua sala há cerca de 35 pessoas e apenas 5 são negras, o que pode indicar que há modos conflitantes de compreender a realidade escolar no IFMG/OP. 

Perguntou-se aos estudantes entrevistados se eles concordam ou não com as cotas para ingresso nas instituições de ensino. Ana, do curso de Edificações, concorda com o sistema de cotas: “Sim, por mais que seja direito de qualquer cidadão estudar onde ele quiser, as cotas ajudam pra maioria que não tem esse direito, a conseguir ele”. Já Felipe (nome fictício), aluno do curso de Automação, teve uma opinião diferente sobre as cotas: “Não concordo, porque acho que todos devem ter as mesmas chances já que a maioria das escolas selecionam alunos por meio de provas”.                                                

O sistema de cotas é uma medida implantada em diversos países para amenizar desigualdades sociais, educacionais e econômicas. O IFMG reserva metade das vagas ofertadas para pessoas que estudaram no ensino público, ou seja, se um curso oferece 50 vagas, metade delas (25) é destinada para quem estudou em escola pública. Essa porcentagem das vagas é subdividida de acordo com a modalidade de cotas, seguindo critérios de raça e de renda.

Lourdes, estudante de Edificações, afirma que muitos jovens ainda são racistas, pois cresceram em um ambiente onde são ensinados que pessoas negras exercem profissões, como, por exemplo, empregadas domésticas e garis e que dificilmente vão exercer profissões como advogados e médicos. “Os jovens crescem com esse preconceito e acabam descriminando, por exemplo, excluindo colegas de turma por causa da cor da pele e praticando bullying por causa disso”, acrescenta ela.

Lourdes diz que o fato de a pessoa ser negra aumenta as chances de ela ser perseguida pela polícia e, dessa forma, acabar nas tragédias que circulam na mídia envolvendo jovens negros que são mortos inocentemente. A aluna afirma também que o fato de a pessoa ser negra e mulher acaba tornando a situação ainda mais complicada, inclusive com dificuldade em arrumar emprego.

A professora Solange foi também uma das pessoas entrevistadas. Ela comentou sobre o racismo entre os jovens, as dificuldades de ser uma pessoa negra e alguns momentos de sua vida em que sofreu racismo. Confira o podcast com a sua entrevista completa.

 

* Produzida por discentes, essa reportagem faz parte de uma série especial sobre o impacto das desigualdades na juventude de Ouro Preto. Orientada pela pelo professor de Língua Portuguesa Paulo Ricardo Moura.

Os dados e aopiniões aqui expressos são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as políticas ou opiniões da Instituição.

Para conferir todas as publicações da série, acesse: Especial Juventude Ouro-pretana