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Pa-terno | Confira a crônica que preparamos para este dia dos pais!

publicado: 14/08/2022 03h00, última modificação: 14/08/2022 08h54

 Pa-terno

Foi inexplicável o momento em que ela abriu os olhos pela primeira vez. Havia sido despertada subitamente, como se estivesse atrasada para o compromisso mais importante da sua vida, mas lá estava ela: a paternidade. Em um momento se escondia no interior daquele homem que vivia despreocupadamente, no outro instante era chamada pelo som agudo do choro de uma criança, barulho que, naquele instante, era tão confortante quanto preocupante e que parecia tão ensurdecedor quanto suave.

Bastou alguns segundos para a paternidade entender qual era a sua função: passaria a guiar a vida, o corpo e as emoções daquele homem que, sem ela, não possuía o menor dos atributos necessários para manter um ser vivo, de fato, vivo. Dessa forma, fez-se necessário que a sua primeira ordem para aquele corpo que passou a governar fosse destinada a fazê-lo abdicar de qualquer instinto de autopreservação quando a vida da criança estivesse em jogo. Ele daria, literalmente, a sua vida pela sua prole.

As outras exigências que a paternidade tinha levaram tempo, treinamento e bastante paciência para serem dominadas por aquele que agora já não era apenas um homem, mas um pai. E quanta paciência foi preciso ter! Tinha que lembrar dos horários, ajudar nas tarefas da escola — fingindo às vezes saber mais do que realmente sabia —, aprender novas profissões — em uma semana era astronauta, na outra veterinário de bichos de pelúcia —, dar carinho na medida certa, dizer as palavras corretas para os momentos de raiva ou tristeza — correndo o risco de gerar o efeito contrário ao esperado caso não encontrasse essas boas palavras —, ser uma boa referência… Um novo mundo de responsabilidades.


A paternidade era persistente na sua causa e nunca desistia de atingir o objetivo impossível que era transformá-lo no pai perfeito. Ela, em sua eficiência, às vezes o levava a encontrar uma energia sobre-humana, cuidando de realizar o que parecia inviável. Entretanto, apesar desses raros casos de impulsos heróicos, ele sempre seria um homem normal.

 
A paternidade tinha as suas inconsistências. Era severa em alguns momentos, fazendo até o homem mais calmo a ter rompantes de indignação. Por outro lado, também era irreverente e, quando ela estava no controle, ele perdia a timidez e conseguia até dançar da maneira mais ridícula que convinha para fazer um certo alguém rir. Mas a sua característica mais difícil de lidar era a preocupação. Ela colocava na cabeça do seu portador as ideias mais estranhas sobre tudo. Porque, na verdade, a paternidade é sobre mudar e conservar o mundo. Sobre o receio de não criar pessoas boas para esse mundo e sobre a angústia de como um mundo tão grande pode machucar suas eternas crianças.

 
É certo que nem todos os que têm filhos a possuem. E que, de tempos em tempos, ela se faz presente por outros meios, como um padrinho, um tio, um avô. Isso porque a paternidade, em seu sentido mais humano, longe de qualquer tentativa de sistematização, é uma maneira responsável e confiável de se demonstrar o amor.

 

FELIZ DIA DOS PAIS!

 


Crônica por Daiane Maciel
Setor de Comunicação Social