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Gramática no Ensino Médio: Uma proposta de interface com a língua em uso

O ensino de Língua Portuguesa na atualidade, segundo as indicações dos documentos oficiais, como os PCN+, por exemplo, deve visar às necessidades comunicativas e interativas dos indivíduos, diferentemente dos modelos educacionais mais tradicionais, nos quais a abordagem de regras gramaticais era símbolo de formação de bons falantes da língua. Por essa lógica, a abordagem empreendida pela presente pesquisa se pauta pela associação entre as dimensões material e enunciativa da linguagem, buscando encontrar seus pontos de contato, ancorados nas teorias advindas da Sintaxe de bases enunciativas (DIAS, 2002, 2015, entre outros; LACERDA, 2009, 2013; DALMASCHIO, 2008, 2013; PENA, 2015) e da Semântica da Enunciação (GUIMARÃES, 2002, 2018). Nesse sentido, efetuamos a análise de seis coleções didáticas de Língua Portuguesa do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do ano de 2018 destinadas ao Ensino Médio, procurando averiguar se e como são associadas a gramática da língua e a sua dimensão interativa, por meio da transitividade e da adjunção verbais, além de captarmos o viés gramatical empreendido por cada um desses materiais. Dessa forma, apuramos que não há um padrão gramatical comum a todas as coleções, nem mesmo um padrão único efetuado em toda a extensão de uma mesma coleção. Na realidade, verificamos que existe, na grande maioria dos exemplares, o viés descritivo, com a menção às regularidades dos usos linguísticos, sendo este o mais comum, o que evidencia maior proximidade dos estudos empreendidos pela Linguística que lidam com uma concepção de maleabilidade discursiva da língua. No entanto, mesmo sendo o viés descritivo mais condizente com um ensino de língua mais interativo e ligado aos usos linguísticos práticos, ainda foram encontrados traços de uma abordagem mais tradicional, bastante voltada à menção a regras para um suposto uso correto da língua portuguesa, às vezes tomado como único modo como os fenômenos da língua aparecem. À vista disso, a partir das análises feitas, percebemos que, apesar das quase duas décadas de vigência dos PCN+ Ensino Médio, ainda há um descompasso entre as suas orientações e as práticas propostas pelas coleções didáticas. Ainda que haja um extensivo trabalho com a dimensão textual da língua, a gramática, desde os tempos mais remotos ensinada com finalidade em si mesma, segue sendo separada do enfoque interativo da língua, como se seu uso pudesse ser desagregado da comunicação.

Palavras-chave: Gramática; Dimensão material; Dimensão interativa.

Bolsistas: Rosália Pricila Guimarães

Orientador: Priscila Brasil Gonçalves Lacerda

Co-orientador: Alice Yoko Horikawa