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Sensor termocrômico desenvolvido por professor do Campus Betim vira patente junto ao INPI

publicado: 28/08/2020 14h37, última modificação: 28/08/2020 14h39

O professor de Química do Campus Betim, João Paulo Campos Trigueiro, desenvolveu um tipo de sensor termocrômico que pode ajudar o consumidor na avaliação de produtos que precisam ser armazenados em temperaturas específicas para não perder a qualidade. Recentemente, essa tecnologia foi patenteada pelo NIT IFMG junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Confira a entrevista com Trigueiro:   

Já existem diversos tipos de sensores no mundo. Então, qual seria a inovação nesse sensor, especificamente?

Sim, existem sensores para diversas aplicações no mundo, mas o grande diferencial deste trabalho é que nós conseguimos produzir um material polimérico (que funciona como sensor) no estado sólido e que muda de cor de forma irreversível em temperaturas sub-ambientes ou em temperaturas que podem ser pré-ajustadas (a partir da formulação da mistura polimérica).

Então, a ideia é a seguinte: quando esse material polimérico, ou seja, o sensor atinge uma determinada temperatura, a sua cor é automaticamente alterada de azul para vermelho. E uma vez que ocorra essa mudança da cor, não é mais possível voltar para o azul novamente, por mais que a temperatura do material seja alterada para a que estava inicialmente.

Mas qual seria a função dessa mudança de cor? Como ela pode trazer benefícios ao consumidor?

Isso é um grande diferencial, pois um simples pedacinho de material polimérico pode funcionar como um dispositivo indicador. Imagine um supermercado que desliga o freezer de alimentos refrigerados para economizar energia durante a noite. Se esse pedacinho de material estiver envolvido na embalagem do produto, ao se atingir uma determinada temperatura, uma parte dessa embalagem vai mudar de cor de azul para vermelho, indicando para o consumidor que aquele produto foi exposto a uma temperatura que não é adequada para seu armazenamento. Com isso, mesmo que o estabelecimento religue o freezer, o pedacinho de polímero não mais voltará a ter a cor azul, o que indica que houve um acondicionamento inadequado Dessa forma, o consumidor tem como monitorar se o produto foi acondicionado/transportado de forma adequada. O mesmo vale, por exemplo, para um remédio que tem que ser acondicionado longe do calor. Dependendo da exposição da caixa do medicamento ao calor, o sensor polimérico, que pode ser colocado na própria caixa do medicamento irá mudar de cor de azul para vermelho indicando para o consumidor que ele foi exposto inadequadamente a ação do calor e que isso pode ter comprometido sua qualidade.

Já que estamos falando a respeito da qualidade dos produtos, como isso poderia ajudar os órgãos de fiscalização ou mesmo o fabricante?

Esse sensor pode beneficiar também as agências fiscalizadoras e o próprio fabricante do produto. No caso do consumidor, como já dissemos, é um grande instrumento de avaliação na hora da compra do produto. Para os órgãos fiscalizadores, pode funcionar como uma ferramenta de monitoramento e análise. Já para o fabricante que preza em fornecer um produto de qualidade para o consumo, é interessante para que ele possa atestar para o consumidor que seu produto é bom e confiável e que, em nenhum momento, no transporte ou armazenamento, foi acondicionado de forma incorreta, o que poderia prejudicar a qualidade final do produto.

Você pode nos falar sobre como foi a trajetória para se chegar a essa patente?

Em 2017, a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação lançou um edital para fomentar projetos de pesquisa aplicada preferencialmente que fossem voltados ao interesse social, atrelados a demandas do setor produtivo, do setor de serviços  ou outras organizações da sociedade. Eu concorri e fui contemplado com recursos financeiros para a pesquisa e bolsas de iniciação científica para estudantes. Esse edital também permitia que nós fizéssemos parcerias com outras instituições. E como eu venho trabalhando em parcerias com professores colaboradores do Departamento de Química da UFMG e do Cefet-MG em diversos outros projetos, resolvi convidá-los a participar, pois o projeto era desafiador e exigia expertises em várias áreas da química, além de uma infraestrutura laboratorial que permitisse a execução do projeto em plenitude. Então, foi feito um convênio entre o IFMG, UFMG e Cefet-MG que permitiu o desenvolvimento do então projeto. Diante dos resultados e da ausência de trabalhos semelhantes na literatura, nós resolvemos escrever essa patente transformando resultados de nosso projeto nessa tecnologia.

Agora que a tecnologia está resguardada pela patente, estamos escrevendo um artigo que apresentará os resultados obtidos e toda a discussão científica envolvendo o assunto. Nosso objetivo é publicá-los em uma revista internacional de relevância científica.

Fonte: Comunicação IFMG