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Cinco anos do Coletivo IFNEGRO!
“Estávamos presos em casa, com mobilidade restrita por conta da pandemia de Covid, assistindo perplexos um homem negro ser morto na frente das câmeras asfixiado pelo joelho de um policial americano. Assistimos igualmente perplexos uma criança, filha da empregada doméstica, despencar do nono andar de um prédio de luxo em Fortaleza, porque a mãe estava passeando com o cachorro da patroa e não tinha com quem deixar a criança naquele momento de pandemia e escolas fechadas. A primeira reunião, me lembro e me emociono ainda, foi uma choradeira só. Estávamos adoecendo e o quilombo nos salvou!"
A reunião de que trata a pró-reitora de Administração e Planejamento, Fernanda Honorato, ocorreu no dia 8 de junho de 2020 e marcou o primeiro encontro do Coletivo IFNEGRO. “O IFNEGRO funciona como um quilombo virtual, no qual recebemos acolhimento e partilhamos as nossas dores, vitórias, alegrias e o desejo de promover educação antirracista nas nossas instituições. É um local de descoberta sobre ser uma pessoa negra, de fortalecimento da autoestima, empoderamento e também de formação nas temáticas da educação para relações étnico-raciais,” define a professora e Mônica Barros, chefe do setor de Diversidade e Inclusão no IFMG e coordenadora do projeto Cientistas Negras
"O IFNEGRO funciona como um quilombo virtual, no qual recebemos acolhimento e partilhamos as nossas dores, vitórias, alegrias e o desejo de promover educação antirracista nas nossas instituições"
Dentre as ações promovidas pelo IFNEGRO estão a Semana Intergrada da Consciência Negra, que neste ano chega à sua quinta edição, as primeiras formações sobre educação para as relações étnico-raciais e o primeiro curso de capacitação para atuar nas comissões de heteroidentificação do IFMG. O Coletivo também atuou para a regulamentação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) e para cobrar o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no Instituto, que obriga o ensino sobre cultura e história dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas.
“O IFNEGRO tem contribuído para que a instituição possa repensar suas práticas e tornar-se mais propositiva e menos reativa em relação ao combate ao racismo e às reflexões sobre as relações étnico-raciais. Eu percebia que o IFMG agia sempre de maneira reativa, ou seja, só parava para pensar na importância de combater o racismo e lutar por uma instituição mais justa e comprometida com a construção da igualdade e equidade racial, quando surgia algum problema”, afirma Márcia Brasília de Araújo, que atua como pedagoga no Campus Sabará.
Membro do Coletivo desde sua fundação, o técnico em Assuntos Educacionais, Reinaldo Trindade Proença, esclarece que o IFNEGRO optou por atuar de maneira independente dentro do IFMG de forma a ficar livre para contribuir com as pautas da educação antirracista e da educação das relações étnicos raciais na Instituição. “A criação de IFNEGRO foi inicialmente um momento de acolhimento e troca de vivências entre as pessoas e, a partir disso, tornou-se um catalisador das ações e práticas antirracistas no IFMG. O fortalecimento da pauta antirracista e das ações afirmativas no Instituto seguem no nosso radar.”
Camisetas comemorativas dos cinco anos do Coletivo IFNEGRO


