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Inclusão no Mundo do Trabalho

publicado 14/09/2023 11h02, última modificação 14/09/2023 11h02

No dia 21/09 é comemorado o dia nacional da luta da Pessoa com Deficiência que foi instituído pela Lei nº 11.133/2005 com o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

As deficiências se enquadram nas seguintes categorias: deficiência física, deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência mental e deficiência múltipla.

Nas últimas décadas, a compreensão da deficiência evoluiu de um ponto de vista médico para uma concepção biopsicossocial. O modelo médico abordava o fenômeno biológico e individual, enxergando a deficiência como conjunto de impedimentos ocasionados por lesões ou alterações nas estruturas e funções corporais. A partir dos anos 2000, surge uma nova perspectiva conhecida como modelo social da deficiência. Conforme esse paradigma, a deficiência transcende os impedimentos corporais e passa a ser atribuída à desvantagem social sofrida pelas pessoas em decorrência das barreiras ambientais.

A população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária. O indicativo faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022 . Das 18,6 milhões de pessoas com deficiência, mais da metade são mulheres, com 10,7 milhões, o que representa 10% da população feminina com deficiência no País.

Os dados da PNAD mostram também que as pessoas com deficiência estão menos inseridas no mercado de trabalho, nas escolas – e, por consequência, têm acesso a renda mais dificultado. Segundo o levantamento, a taxa de analfabetismo para pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto para as pessoas sem deficiência foi de 4,1%

A pesquisa analisou ainda o perfil das pessoas com deficiência a partir dos principais indicadores de mercado de trabalho. Segundo o IBGE, 26,6% das pessoas com deficiência encontram espaço no mercado de trabalho. O nível de ocupação para o resto da população é de 60,7%. Cerca de 55% das pessoas com deficiência que trabalham estão em situação de informalidade. O rendimento médio real também é diferente entre pessoas com deficiência e sem: para o primeiro grupo, a renda foi de R$1.860, enquanto o segundo chegou a R$2.690, uma diferença de 30%.

A Lei 8.213/91 prevê que empresas com 100 ou mais funcionários tenham entre 2% e 5% de pessoas com deficiência (PCD) como colaboradores.No serviço público a Lei nº 8.112/90, prevê  a reserva de 20% das vagas oferecidas em concurso para pessoas com deficiência.

A promoção da diversidade e da inclusão nas organizações vai além do recrutamento, da seleção e de metas afirmativas. Para aumentar a representatividade nos quadros funcionais e nos espaços de tomada de decisão no ambiente corporativo é essencial a criação de políticas, ações e treinamento transparentes que combatam a invisibilidade de profissionais excluídos e preparem gestores, funcionários e funcionárias, fornecedores, clientes e toda a cadeia de valor para o fortalecimento de uma cultura organizacional inclusiva e livre de preconceito e estereótipos.

A inclusão se refere ao julgamento ou à percepção de aceitação das pessoas, sendo o sentimento de ser bem-vindo e valorizado como membro daquela organização nos diversos níveis. Para os indivíduos, o sentimento de pertença a um grupo é fundamental sendo este o foco da inclusão. Assim, a inclusão vai além da diversidade e sua concretização depende da gestão da diversidade de modo a criar um ambiente organizacional que possibilite a todos o pleno desenvolvimento de seu potencial na realização dos objetivos da empresa (Zanelli 2004).

Parte do preconceito com a população de PcDs tem origem na falta de informação. Uma grande parcela das pessoas com deficiência teriam condições de serem incluídas no mercado de trabalho.

Como incluir uma pessoa com deficiência no ambiente de trabalho?

  • Quando se pensa em inclusão de uma pessoa com deficiência é necessário refletir que não é a pessoa com deficiência que deve se adaptar ao espaço laboral, mas o ambiente de trabalho que precisa ser adaptado para que ela consiga realizar suas atividades:
  • As empresas devem fazer um check-up em sua estrutura, para ter um diagnóstico sobre a acessibilidade e realizar as mudanças necessárias, antes do primeiro dia de trabalho da nova pessoa contratada. Adicionar rampas, alargar portas, ter banheiros acessíveis, portas automáticas se necessário, poltronas largas e confortáveis são alguns dos investimentos que devem ser realizados para que todas as pessoas possam conviver em harmonia, ocupando os espaços de maneira igualitária;
  • É importante que os colaboradores sejam envolvidos nessa dinâmica de recebimento dos novos colegas de trabalho e saibam da  sua condição. Promover a conscientização e a educação dos profissionais é essencial para evitar situações de constrangimento e também não colocar a pessoa em uma posição exaustiva, de ter que ensinar sobre a sua condição o tempo todo;
  • Não se referir aos colegas PcDs como especiais, muito menos chamar as outras pessoas de "normais", sugerindo que aqueles que chegam sejam "anormais". O único termo aceito é Pessoa Com Deficiência, registrado pela Portaria 2.344/2010, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil. Não utilizar os termos  “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”;
  • Não trate as pessoas com deficiência como dependentes ou limitadas;
  • Se perceber que a pessoa com deficiência está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve proceder. As pessoas têm suas técnicas individuais para subir escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até atrapalhar. Outras vezes, o auxílio é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for recusada;
  • É importante perceber que para uma pessoa sentada na cadeira de rodas é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns minutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível.
  • A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas é tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum onde uma pessoa está sentada.
  • Trate as pessoas com deficiência com o mesmo respeito e consideração dispensados às demais pessoas. No convívio social ou profissional, não as exclua das atividades normais. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.

A importância da inclusão no mundo corporativo significa entender a importância do respeito e da valorização das diferenças. Apostar em diversidade é apostar em enriquecimento cultural para a empresa.  Um ambiente de trabalho mais diverso traz muitos benefícios para as organizações. Pessoas com diferentes origens, crenças, etnias, classes sociais, entre outros, quando parte de um mesmo propósito, podem compartilhar ideias e visões tão diferentes – e ricas – e encontrar soluções que não seriam possíveis se todos tivessem vivências parecidas.

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