conteúdo

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

publicado 04/04/2024 09h43, última modificação 30/04/2024 13h26

autismo2.jpg

02 de Abril é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse dia  foi estabelecido em 2008 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, desde então, vem sendo celebrado como forma de aumentar a conscientização relacionada a todos os aspectos deste transtorno.

O TEA se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por  interesses restritos de atividades que podem ser realizadas de forma repetitiva.

Geralmente o TEA começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta.  De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, uma a cada 36 crianças apresentam TEA. Apesar de ser uma condição identificada na maioria das vezes ainda na infância, o autismo vem sendo diagnosticado com cada vez mais frequência também em adultos.

Além disso, apresenta graus de comprometimento e apoio variados e, em alguns casos, sua identificação pode passar despercebida se não for dada a devida atenção. Sem diagnóstico determinado nem o apoio e a estrutura necessários para viver melhor com a condição, pessoas dentro do espectro podem  viver anos e até décadas lutando contra algo que não sabem o que é, sentindo-se deslocados e inadequados. O acompanhamento médico de filhos ou sobrinhos com autismo é muitas vezes responsável por descobrir os casos em adultos.

O diagnóstico do TEA é essencialmente clínico, ou seja, envolve a avaliação dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e coleta de informações, por meio de entrevistas com familiares e cuidadores sobre o histórico de desenvolvimento e rotina da pessoa. Os profissionais mais indicados para esse tipo de análise são médicos neurologistas e psiquiatras. De acordo com o quadro, também podem ser realizadas avaliações neuropsicológicas e o uso de escalas padronizadas, que ajudam a situar o paciente no espectro.

Os sintomas de autismo podem variar de pessoa para pessoa e de acordo também com a gravidade do transtorno. Mas alguns sinais podem ajudar a reconhecer o TEA em adultos, tais como:

  1. Dificuldade de interpretar linguagem não verbal, como expressões faciais (olhar, gesto, por exemplo);
  2. Pouca aptidão em compreender ironias, metáforas ou mensagens com duplo sentido, podendo parecer uma pessoa ingênua ou não maliciosa;
  3. Sinais discretos para sentimentos como tristeza, alegria, raiva e cansaço, por exemplo, geralmente não são percebidos pelos autistas, o que pode ser visto como falta de empatia;
  4. Dificuldade em expressar afeto e falar sobre seus sentimentos, assim como em receber demonstrações de carinho e compreender o sentimento dos outros;
  5. Limitação em compreender coisas abstratas, o que se traduz por um perfil bastante objetivo e direto;
  6. Podem ter um desempenho acima da média em algumas atividades, visto que possuem interesses restritos e repetitivos (hiperfoco), o que os pode tornar bastante talentosos em áreas com as quais possuem afinidade;
  7. Rigidez na rotina, ficando ansiosos e irritados quando precisam fazer atividades não planejadas; e
  8. Baixa tolerância a barulhos, ambientes agitados, muita iluminação, assim como contato visual prolongado e contato físico muito próximo.

Indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam outras condições concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA é extremamente variável, estendendo-se de comprometimento profundo até níveis superiores. Além disso, pessoas com transtorno do espectro autista apresentam uma variedade de condições de saúde física e mental:

Saúde Física Crianças e jovens no espectro são três vezes mais propensos a ter outra condição de saúde a longo prazo em comparação com aqueles sem autismo. Adultos autistas também comumente experimentam uma série de necessidades de saúde física concomitantes.

Sono pode se tornar um desafio ao longo da vida. Muitas pessoas autistas têm dificuldade em adormecer e/ou permanecer dormindo durante a noite. Problemas de sono podem ser consequência de outras condições de saúde física e mental, como ansiedade, depressão, distúrbios gastrointestinais, TDAH ou como efeito colateral de algum medicamento.

Desafios alimentares ocorrem em até 80% das crianças no espectro, com até 10% delas se tornando condições vitalícias. Muitos adultos autistas também descrevem aversões alimentares e padrões alimentares restritos. Sensibilidades sensoriais em sabor, textura e cheiro, bem como uma forte preferência pela mesmice, podem afetar a dieta de um indivíduo e criar problemas com a seletividade alimentar e restrição alimentar.

Epilepsia e Convulsões A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por convulsões repetidas que podem variar em tipo e gravidade. A associação entre autismo e epilepsia foi bem estabelecida, mas são necessárias mais informações sobre porque eles ocorrem frequentemente.

Distúrbios gastrointestinais Problemas gastrointestinais podem ser comuns na população autista devido a deficiências nutricionais relacionadas a desafios alimentares e/ou seletividade alimentar.

Saúde Mental Como as pessoas não autistas, as pessoas autistas podem experimentar uma série de desafios da saúde mental ao longo da vida, embora possam experimentar esses desafios de maneira diferente. Por exemplo, uma pessoa autista pode ter mais exposição a eventos traumáticos ou experiências negativas devido à comunicação e diferenças sociais.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) É caracterizado por padrões de desatenção, dificuldades para lembrar coisas, administrar o tempo e tarefas organizacionais e hiperatividade e/ou impulsividade que podem afetar o aprendizado e a vida diária. O TDAH está presente em 36,5% das crianças autistas, tornando-se o concorrente mais comum na população autista.

No caso de crianças, as intervenções psicossociais como o tratamento comportamental e os programas de treinamento de habilidades para os pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social, com impacto positivo no bem-estar e qualidade de vida das pessoas com TEA e seus cuidadores. No adulto aspectos sociais, autoconhecimento e independência poderão ser o foco nas terapias com os diversos profissionais e em alguns casos poderão ser utilizados também medicamentos para tratar as comorbidades.

De acordo com a lei nº 12.764, de 2012, a pessoa com TEA é uma pessoa com deficiência: "a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. No caso de servidores públicos, após perícia médica poderá ser concedido horário especial tanto para o (a)  servidor (a) que apresentar o TEA como para os dependentes legais.

Para saber mais, acesse a cartilha:

https://www2.unesp.br/Home/caadi/guias/guia-tea.pdf

Referências

 

registrado em: