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Inovação e pesquisa em Portugal
Estudantes do IFMG em intercâmbio pelo Programa Internacionaliza dão sequência, em terras d'além mar, a estudos iniciados no Brasil. Alguns projetos foram premiados em iniciativas promovidas pelas instituições portuguesas.
Outras terras, outros povos, novas perspectivas. Muito mais do que a visita dos estudantes a um novo país - no caso, Portugal -, o Programa Internacionaliza IFMG promove a disseminação do conhecimento, o incentivo à pesquisa e a busca pela inovação. Estudantes do ensino superior de diferentes cursos do Instituto complementam suas atividades acadêmicas por meio de desenvolvimento de pesquisas e outras atividades extracurriculares. Das Engenharias à Licenciatura, passando por Administração, Gestão Pública e mais, os projetos desenvolvidos são diversos, refletindo o perfil dos alunos e as novas compreensões trazidas pela troca de saberes com as instituições estrangeiras.
Estudante de Engenharia Civil do Campus Piumhi, Sarah Felício já pesquisa políticas de habitação social (iniciativas públicas de construção de habitações direcionadas à população de baixa renda que têm como principal objetivo reduzir o déficit habitacional de uma região) desde o ano passado, com o estudo de caso dos Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social (EHIS) em sua própria cidade. O projeto buscava alternativas de melhora e continuidade da implantação dos EHIS, incluindo conceitos de uma ferramenta cada vez mais usada na arquitetura e engenharia: a Modelagem da Informação da Construção (em inglês, Building Information Modeling – BIM). Simulando uma maquete virtual e detalhada, o recurso permite maior prospecção sobre o resultado de planos, tanto na parte estrutural quanto em quesitos como encanamento, acústica, etc.
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Agora, Sarah dá continuidade às pesquisas sobre EHIS do outro lado do oceano, na cidade do Porto: o projeto de pesquisa “Estudo de melhorias dos Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social em Portugal por meio da aplicação de conceitos Modelagem da Informação da Construção” tem a proposta de analisar a aplicação dos conceitos da BIM em Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social em Portugal, identificando melhores práticas para a construção e reabilitação de habitações sociais. O objetivo segue sendo o aumento do bem-estar e da qualidade de vida da população atendida e o alcance de seu potencial de contribuição social, econômica e tecnológica.
Ainda na cidade do Porto, Michael Soares, graduando em Tecnologia em Processos Gerenciais do Campus Ribeirão das Neves desenvolve a pesquisa “Desafios e práticas da educação empreendedora no ensino superior”. Trazendo reflexões sobre o ensino empreendedor em Portugal e no Brasil, busca compreender os desafios e práticas dos docentes no ensino do empreendedorismo nos dois países, incentivos e politicas púbicas aplicadas e levantar o perfil e características empreendedoras nos egressos do sistema universitário. O posto de trabalho de Mike é a Porto Design Factory, laboratório de ideias que tem com base o trabalho interdisciplinar, a investigação aplicada e colaboração industrial e que permite a alunos de diferentes áreas interagirem cooperarem no desenvolvimento de seus projetos. Nada mais adequado, uma vez que a pesquisa de Mike também envolve acompanhar de perto outras iniciativas, dentre elas a PPEPP, um programa de fomentação de start-ups universitárias abrangente a toda rede de Politécnicos do país, e o projeto TRANSFORM@, que objetiva potenciar a inovação empreendedorismo e empregabilidade nas zonas rurais portuguesas por meio do reforço das competências digitais.
Além de prêmio em dinheiro, o primeiro lugar rendeu ao projeto dos estudantes mineiros incentivos de empresas, networking e interesse de possíveis parcerias e financiadores.
E o reconhecimento já está chegando ainda em Portugal. Mike esteve na equipe vencedora de duas competições: o desafio IdeaChef e o II Concurso de Empreendedorismo Made in ISEP, com a start-up Estudante Atento, uma plataforma destinada aos alunos em intercâmbio. A Estudante Atento consiste em uma comunidade digital que agregará todas as informações, serviços e produtos essenciais para uma melhor experiência desde a preparação para a mobilidade no seu local de origem até a experiência na cidade de destino, criando um local de interação entre os usuários de forma fácil, intuitiva e divertida. Além de prêmio em dinheiro, o primeiro lugar rendeu ao projeto incentivos de empresas, networking e interesse de possíveis parcerias e financiadores.
Matheus Henrique, estudante de Engenharia Elétrica do Campus Itabirito, participou das duas equipes. Também intercambista em Porto, desenvolve um projeto intitulado "Detecção automática de vagas em um estacionamento via Aprendizado de Máquina" no laboratório GEDAC- Grupo de Pesquisa em Engenharia Inteligente e Computação para Inovação Avançada e Desenvolvimento no Instituto Superior de Engenharia do Porto - ISEP. Seu objetivo é criar um algoritmo capaz de informar ao usuário a existência ou não de vagas no estacionamento, utilizando apenas inteligência artificial e não gerando custos para o instalador. O sistema está sendo desenvolvido na linguagem de programação Python, que objetiva produtividade e legibilidade, possibilitando um código de qualidade e de manutenção fácil e rápida.
Já fora do laboratório, nas ruas de Bragança, Bruno Amorim, de Bambuí, venceu a corrida anual realizada pelo Instituto Politécnico, em parceria com a Associação de Atletismo da cidade.
A 200 km dali e um pouco mais distante do litoral, Bruno Amorim, graduando em Zootecnia pelo Campus Bambuí, desenvolve no Instituto Politécnico de Bragança uma pesquisa com aves poedeiras (aves criadas para a produção de ovos): "Efeito da adição de óleo vegetal sobre a eclodibilidade e a qualidade dos ovos de poedeiras em clima temperado". No trabalho, aproveitou a grande produção de azeite em Portugal para formular uma ração com adição do azeite lampante, um subproduto do tradicional óleo usado na cozinha. Sendo um subproduto, o azeite lampante é de descarte difícil. Dando um grande passo na zootecnia sustentável, sua utilização na dieta das aves possibilitaria um destino para o resíduo, bem como uma forma de economia das fábricas de rações – além de ganhos na produtividade das aves e qualidade do ovo. Já fora do laboratório, nas ruas de Bragança, Bruno venceu a corrida anual realizada pelo Instituto Politécnico, em parceria com a Associação de Atletismo da cidade.
Meios e contextos podem mudar de acordo com instituição, cidade, região e país, mas certos aspectos da prática docente são universais. Debates sobre as complexidades dos processos de ensino e aprendizado nunca cessam, incluindo a parte de avaliação - sua importância, função, metodologia mais adequada. É vista por muitos como uma ferramenta punitiva e classificatória, enquanto outros afirmam que a avaliação deve ser uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. Nesse recorte, o projeto de pesquisa de Guilherme Bittencourt, estudante de Licenciatura em Física no Campus Congonhas, investiga as concepções de docentes e discentes de cursos de formação de professores do Instituto Politécnico de Bragança a respeito do papel da avaliação na prática docente. Por meio de entrevistas com professores e alunos, o projeto objetiva ampliar a visão a respeito dos métodos e finalidades da avaliação e estabelecer relações com o modo como é concebida no Brasil. Afinal, como certa vez afirmou a educadora Vani Kenski, "a avaliação da aprendizagem precisa ser permanentemente avaliada."